Foto: por @tipocoelhosA sangue frio
Autor: Truman Capote
Editora: Companhia das letras
Edição: 2003/440p.
Edição: 2003/440p.
Conheci
esse livro por culpa da amada Netflix, que tinha em seu catalogo ( infelizmente
não tem mais ) o filme intitulado Capote, que conta os bastidores de todo o
processo pra que o livro "A Sangue Frio" fosse escrito.
No
livro temos essa historia verídica escrita de forma romanceada inaugurando,
como o próprio autor diz, o gênero literário o "romance de não
ficção" ou "romance sem ficção" (há controvérsias).
A
história contada é a do assassinato da família Clutter, em novembro de 1959 na
cidadezinha de Holcomb no Kansas, Estados Unidos.
Não
gostei particularmente do jeito que o autor escreve, achei em certos momentos
confuso, (em certo ponto achei que poderia ser até problema da tradução, sera?)
mas a visão dele ao descrever tanto a família Clutter quanto os assassinos é
incrível.
Narrando
de forma romanceada, logo no começo do livro ele descreve o inicio do dia de um
dos familiares e logo em seguida o inicio do dia de um dos assassinos, me
forçando a ver que, em ambos os casos, o dia parecia normal, corriqueiro, com
pessoas normais fazendo coisas normais, o que é extremamente assustador em
ambos os lados.
Ele me
fez pensar na família que não tinha a menor ideia do que ia acontecer naquele
dia, e me fez pensar também no assassino que vai a padaria comprar pão, que
quem sabe senta ao nosso lado, que nos deseja bom dia e saindo dali entra em
uma casa, mata uma família inteira e saindo da casa, quem sabe vai parar em um
bar, beber uma cerveja, e desejar bom dia para outras pessoas …
O livro
é dividido em 4 partes, e logo na primeira os assassinos são pegos, então não
espere um suspense que só no final os assassinos são pegos.
O autor
se preocupa mais em descrever os cinco anos que esses assassinos passaram
presos esperando a sua sentença, e nesse tempo, com o contato que o autor teve
com esses assassinos, ele traça o perfil deles.
Ele
humaniza esses assassinos e, na minha opinião, não com a intensão de nos fazer
perdoar, ele só se coloca na posição de contador dessa historia, de ambos os
lados dessa historia, da família rica e aparentemente perfeita, o casal,
filhos, uma bela casa, um cachorro … E os assassinos, famílias pobres, traumas
de infância, primeiros delitos, um futuro que aparenta já estar escrito, que já
caminhava para uma tragedia.
E você
percebe que não ha a intensão de nos fazer perdoar ( que fique claro que sei
que nosso perdão ou a falta dele é irrelevante ) quando o titulo do livro faz
todo sentido do mundo, e que não parece haver o mínimo remorso por parte dos
assassinos, pra eles é como se não houvesse peso no que eles fizeram, e é ai
que se encaixa o que foi dito mais acima, me parece sim que os assassinos
poderiam muito bem, depois de matar uma família inteira, sentar num bar, beber
uma cerveja e nos desejar bom dia.
-
Uma
quebra no texto pra falar um pouco sobre o filme.
A grande diferença do livro para o filme é que no filme o personagem principal é o escritor, e o que é abordado é a relação que ele cria com os assassinos.
A forma
que o Diretor nos conta a história mostra um Capote tentando manipular os
assassinos, se envolvendo com eles para ter acesso a informações, informações
da infância, detalhes da vida até o momento derradeiro do assassinato, mas que
depois acaba se apegando mesmo a essas pessoas, há quem diga que ele se
apaixonou por um dos assassinos.
Há um
momento do filme que ele diz que não irá terminar o livro até que os assassinos
sejam condenados e mortos e quando isso realmente acontece ele fica
inconsolável.
E dele
é a frase “Mais lagrimas são derramadas pelas orações atendidas do que pelas
não”
Postado por: André
"Inaugurando, como o próprio autor diz, o gênero literário de não ficção (há controvérsias)." Estranho pra um autor dizer isso. Eu achei haha. E chocada que há boatos de que ele tenha se apaixonado por um dos assassinos... que loucura.
ResponderExcluirNão sabia que era baseado em uma história real, até ver o post de vocês no instagram.
Que interessante isso de ver os dois lados da moeda, e como você disse, a naturalidade dos assassinos, a vida rotineira e comum. A gente nunca vê dessa forma né?!
Me pareceu mais bacana assistir ao filme primeiro, o processo da criação e pesquisa digamos assim, para depois ver o resultado. Farei isso!!
(Carol)
Oi Carol, vlw pelo comentário e vlw mais ainda pois fiz uma correçãozinha, o gênero que ele alega ter inaugurado é o "romance de não ficção" (esqueci uma palavrinha que faz toda a diferença hehe )
ExcluirBasicamente um relato jornalistico, porém romanceado...
Há um Posfácio no livro intitulado "Nem tudo é verdade, apesar de verdadeiro" que cita muitas polemicas em torno do autor e do processo pra que o livro fosse escrito e um dos pontos é esse, tem o seguinte trecho: Vários caminhões de tinta e papel de jornais, revistas e livros foram utilizados para provar que, longe de ser um inventor, ele era o continuador de um gênero com ampla tradição nas letras anglo-saxônicas.
E com o perfil que o filme faz do Capote, você consegue visualizar ele tomando pra si essa "autoria do gênero" (aparentemente ele era meio babaca rs )
E é super bacana o fato de, por mais que tanto o livro quanto o filme falem sobre a mesma história, um é complemento do outro, então não importa qual você assistira primeiro, nenhum deles vai chegar a estragar a experiencia em relação ao outro, o importante é não deixe de ver o filme e não deixe de ler esse livro perturbadoramente incrível rs.
Eu vi primeiro o filme, depois li o livro e assim que terminei de lê-lo tive que assistir o filme novamente e foi de arrepiar.
Uma curiosidade pra você que curte a Harper Lee, ela viajou com ele pra Holcomb e auxiliou ele nas entrevistas e etc etc, eles eram amigos de longa data.
E enquanto o autor se matava pra terminar o A Sangue Frio ela terminou o tão falado e já resenhado por vocês O sol é para todos. (tenho que lê-lo)
Vlw novamente pelo comentário Carol e parabéns pelo seu blog.
Abraços, André.