O André e eu
temos uma preguiça danada de fazer qualquer coisa fora de casa. Chega a dar dó
a quantidade de coisas interessantes que já perdemos por isso, mas... mês
passado eu encasquetei que queria ver esta exposição e depois de uma quase
desistência, no último dia, último horário, lá fomos nós.
“O triunfo da
cor. O pós-impressionismo: obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de
l’Orangerie”
Falando assim
esses nomes franceses até parece que a gente entende alguma coisa de arte, Pff.
Nada, nadinha. Necas. O mais próximo de tentativa de compreensão de arte que eu
consegui chegar, depois das aulas de educação artísticas da quinta série, foi com uns livrinhos que comprei na máquina
do metrô por 2 reais cada e contava a história de alguns artistas, mas acabei
que só li o do Van Gogh (vergonha, eu sei). Mas daí eu acabei me apaixonando
pelas cores dele, mais ainda depois de ver um episódio graciosíssimo de Doctor
Who com “participação especial” dele e aí deu aquela sensação de empatia depois
de ler a história e perceber aquela melancolia e sensação de incompreensão que
parece seguir a vida de artistas e, pronto, me afeiçoei.
Como muitas das coisas escritas nesse
blog, a visita pra essa exposição será narrada de um ponto de vista totalmente
leigo e ignorante em relação a seus conteúdos. Estou aqui só pra compartilhar
um momento bem bacana que passamos. Se você gostar das obras, recomendo uma
pesquisa mais aprofundada e claro, a visitação à exposição que ainda ta rolando
no Rio de Janeiro, até 17/10/2016.
A exposição conta
com 75 obra de 32 artista que “a partir do fim do século XIX, buscaram novos
caminhos para a pintura” Mas vou falar só um pouquinho sobre alguns.
A começar pelo
CCBB né minha gente, que lugarzinho simpático! A gente que mora em São Paulo
sabe que o centro não é um dos melhores, mais limpo e seguro lugar para se
estar, e tudo isso misturado cria uma preocupação
automática a qualquer coisa ali (Sem cricri, eu amo essa cidade) mas aquele
prédio antigo despertou em mim aquela sensação que prédios antigos costumam
despertar, que é o pensamento de ‘quanta coisa já deve ter passado aqui’. A
arquitetura do prédio é muito bonita e então vc já fica no clima.
Chegando lá, de
cara, tinha um painelzão com uma imagem do museu francês, mega simpático com
várias luzes coloridas mudando o tempo topo. Já me ganhou. Eu sou 99% gótica
suave, mas aquele 1%...não pode ver uma
coisa colorida que já ta toda alegre.
Eu tentei
(infantilmente) tirar foto de todas as alterações de cor. É claro que não deu
certo, e ainda por cima ficou torto, mas vou colocar aqui pra vcs verem que
gracinha:
Prazer, fachada
do “Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie”
A exposição
estava separada em módulos, sendo que o primeiro módulo começava no 4º andar e
ia descendo. Daí vc pega um elevador (bem sinistro por sinal) e chegando lá
você tem a vista fofa do painel e o chão “cororido”, um “círculo cromático das
cores francesas”, ou como ta escrito no chão “1er. Cercle chromatique de Mr.
Chevreul renpermant Les couleurs francês”.
Com uma rápida
pesquisa no google acabei de descobrir que o Mr Chevreul fez um estudo sobre justaposição de cores, que
aplicadas em pontos e em certas combinações, visto de longe nos faz ver uma determinada
imagem. “A lei do contraste simultâneo das cores“. Assim que vi algumas
obras a primeira coisa que pensei foi em pixels e vendo vocês vão entender o
porquê.
Mr Chrevreul foi
uma grande influência para o Georges Seurat “Expoente do pontilhismo”, que
tinha obra lá exposta. E Mr. Seurat inspirou ngm menos que o Van Gogh e por aí vai.
Bem, só tirei uma
foto do círculo, pq alturas me dão sensações estranhas, mas ta aí:
Tinha uma pequena
fila para entrar nesse primeiro salão, aproveitei e tirei essa foto do lindo,
que vou colocar aqui porque sim.
Também tirei uma
foto do vitral porque não tinha mais o
que fazer e achei bonitinho.
Daí as emoções
começaram.
O módulo 1 ou “A cor científica”.
Eu disse que fui
pra ver Van Gogh e eis que o primeiríssimo quadro que vimos quando entramos foi
este:
Foto: Livia.
Fritilárias
coroa-imperial em vaso de cobre, 1887 Óleo sobre tela, 73,3 x 60 cm Paris,
Musée d'Orsay
A foto ficou bem
ruim pq estava mto lotado e não conseguia tirar de novo, mas pode ser achada no
google como Fritilárias Van Gogh.
É engraçado como
mesmo sem conhecer a arte você bate o olho e sabe de quem é a obra pelo estilo.
Eu tentei ver o mais perto que a “linha amarela que não pode ser ultrapassada”
permitia, e consegui ver a textura da tinta na tela. Fiquei embasbacada. A
combinação das cores e da pincelada é uma coisa linda de ser ver, enche os
olhos.
Eu
particularmente gosto de flores e embora meio mortinhas, achei o quadro lindo.
Tentei não tirar
muitas fotos, porque se você tira fotos, não curte, mas ao mesmo tempo, se não
tira fotos não se lembra de algumas coisas depois, que é o que me acontece
agora.
Vou colocar as
fotos que tirei, do que mais me chamou a atenção no momento.
Foto: Livia
Van Gogh
A Italiana, 1887,
Óleo sobre tela, 81 x 60 cm Paris, Musée d'Orsay
Do lado dos
quadros tinham descrições sobre as obras e fiquei sabendo que o Sr. Van Gogh teve
um caso com essa sra, sua amiga Agostina Segatori. Assim que bati o olho mais
pensei em “cigana” do que italiana, e gostei muito da combinação de cores da
pintura
No google pode
ser achado como: A Italiana Van Gogh
Foto: Livia
Van Gogh
Acampamento dos
ciganos com caravana, 1888, Óleo sobre tela, 45 x 51 cm Paris, Musée d'Orsay
Essa foto ficou
muito pequena, mas vejam AQUI a imagem em tamanho maior e observe as pinceladas...
Sério, fiquei
encantada e eu adoro tema cigano em geral, então, essa ganhou direito a foto rs
Entre obras e
pessoas passando pra lá e pra cá, me deparei com esta, que não conhecia e me
encantou:
Foto: Livia
Henri de Toulouse
– Lautrec
A toilette, 1896,
Óleo sobre cartão, 67 x 54 cm
Como foi feito
sobre cartão, não da pra ‘sentir’ as pinceladas, como quando é sobre tela, mas
os traços dele são fascinantes e fiquei um bom tempo olhando pra ela.
Os tons da cores
são muito bonitos além do desenho em geral, a costa nua e tudo mais.
Módulo 2 ou “No núcleo misterioso do
pensamento. Gauguin e a Escola de Pont-Aven”
Foi nessa hora que
meus olhos saltaram desesperadamente.
Nesse segundo
módulo tinham obras do Seurat, falado logo acima, de Henri-Edmond Cross, (que
teve a obra que mais amei), Paul Signac, Maximilien Luce.
Não conhecia
nenhum deles, e o que tinham em comum e que fez meus olhos saltarem foi o jeito
incrível que usaram a técnica de justaposição/pontilhismo.
Foto: Livia
Henri-Edmond
Cross
Uma tarde em
Pardigon, 1907, Óleo sobre tela, 81 x 65cm
Essa foi uma que
eu tive vontade de levar para casa. Ela é linda e fiquei impressionada com a
justaposição das cores. Tons de roxo sempre me atraem e esse quadro me deu uma tranquilidade
danada.
Tinham algumas
outras obras do Henri-Edmond na exposição, de igual beleza e depois de procurar
mais coisas no google, virei fã do trabalho dele.
Foto: Livia
Paul Signac
Mulheres no poço
ou Jovens provençais no poço, 1892 Óleo sobre tela, 194,5 x 130 cm Paris, Musée
d'Orsay
Eu fiquei impressionadíssima quando vi essa obra. A
foto ficou bem ruim porque estava cheio na hora e não tinha um bom jeito de
tirar, mas fiz questão de tirar + duas fotos dando close em duas coisas que me
chamaram a atenção: o cabelo da moça a direita, que olhando de longe parece castanho
com preto, mas quando você olha bem, é a combinação de vários tons de azul,
roxo e marrom.
Agora vejam a
riqueza desta saia! Ela parece que tem vida, com a combinação de tons de verde,
azul, rosa e vermelho.
Esse quadro é bem
grande e fico imaginando quanto tempo ele levou para fazê-lo. Paul Signac aprendeu
com o Seurat a ténica do pontilhismo e particularmente achei que mandou super
bem ( shame on me, não tirei nenhuma foto de obra do Seurat, que aparentemente
é o bam-bam-bam da coisa toda)
Uma obra que eu não
tirei nenhuma foto, mas uns bons minutos encarando estupefata foi a de Maximilien
Luce, e que vou pegar uma foto do google:
Maximilien Luce
(1858-1941) Les Batteurs de pieux [Batedores de estacas], entre 1902 e 1903
Óleo sobre tela, 154 x 196 cm Paris, Musée d'Orsay
Gente, esse
quadro é ENORME e de longe você acha que é bem pintado, legal, ok, mas foi TUDO
feito em pontilhismo! Isso é que eu chamo de trabalho de uma vida! Da pra ficar
horas olhando pra combinação de cores e pontos sem se cansar.
Também teve essa
que achei bem interessante (Gótica suave, beijo):
Blast Furnaces in Charleroi - Maximilien Luce 1896
French 1858 – 1941
Infelizmente nós
ficamos muito envolvidos nos 2 primeiros módulos e vimos os outros 2 muito rápido
porque o CCBB já tava pra fechar, mas não por nada, foi até bom, porque os
outros módulos já fugiram do meu gosto.
O Módulo 3 era “Os Nabis, profetas de uma nova arte” com
temais mais cotidianos. Eu achei muito obscuro, tenso. E o módulo 4 “A cor em liberdade” Tinha um quê de
natureza tropical, legal, bacana, tchau.
A verdade é que
as fotos nem qualquer coisa que eu falar aqui fazem jus às obras vistas. Tem
que ver com os próprios olhinhos e sentir.
Se você já foi na
exposição e/ou é mega fã de arte, conta pra gente o que sentiu quando viu a exposição
e o que acha de arte e tudo mais. Me conta também qual sua obra favorita!
Só posso dizer
que saí de lá encantadíssima, com vontade de comprar umas tintas e pincéis e
tentar me aventurar na arte do pontilhismo, cheio dessas cores que me dá tantas
emoções.
E como disse o já
muito falado no texto de hoje, Van Gogh “A cor expressa por si só alguma coisa’.
E que coisa <3
PS: E é claro que
a gente foi tirar uma fotinho lá no painel do museu colorido né, hahaha
Postado por:
Livia Amaral